O Irã enriqueceu urânio em grau acima do permitido no acordo nuclear de 2015, confirmou nesta segunda-feira (8) a Organização Internacional de Energia Atômica (OIEA), que é ligada à Organização das Nações Unidas (ONU). O acordo nuclear internacional previa que o urânio fosse enriquecido no limite de 3,67%.
O urânio de baixo enriquecimento é usado para produzir combustível para reatores nucleares, mas, potencialmente, pode servir para a produção de armas nucleares.
No domingo (7), o porta-voz da Organização da Energia Atômica do Irã, Behruz Kamalvandi, afirmou que o país está totalmente preparado para “enriquecer urânio a qualquer nível e com qualquer quantidade” e que, em algumas horas, o processo de enriquecimento superaria os 3,67%. “Por enquanto, chegaremos a um enriquecimento de 5%”, afirmou.
Segundo Kamalvandi, o nível de enriquecimento de 5% é o necessário para o fornecimento de combustível para alimentar as centrais térmicas do país, sem “aumentar o número das centrífugas”.
A possibilidade de o Irã passar a enriquecer urânio acima do acordado com a comunidade internacional já havia sido anunciada pelo presidente do país, Hassan Rohani, na quarta-feira (3), sem mais detalhes.
Na sexta-feira (5), Ali Akbar Velayati, conselheiro para Assuntos Internacionais do aiatolá Ali Khamenei, disse que o enriquecimento de urânio do Irã aumentaria “o que for necessário para nossas atividades pacíficas“.
O urânio de baixo enriquecimento é usado para produzir combustível para reatores nucleares, mas, potencialmente, pode servir para a produção de armas nucleares. — Foto: Reprodução/TV Globo/Jornal Hoje
Aumento do estoque
O anúncio de Rohani foi a segunda reação do governo iraniano à saída dos Estados Unidos do pacto internacional e ao restabelecimento de sanções por parte de Washington contra Teerã.
Na segunda-feira (1º), o governo confirmou que ultrapassou o limite previsto de 300 kg de estoque de urânio de baixo enriquecimento, também previsto pelo acordo.
Sob o tratado, o Irã foi autorizado a produzir até 300 kg desse produtoe a enviar as quantidades excedentes para fora do país para armazenamento ou venda.
O programa de enriquecimento de urânio do país também ficou submetido a um amplo sistema de controle pelos próximos 20 anos. Teerã aceitou ainda diminuir o número total de centrífugas de 19 mil para cerca de 6 mil, e a não conduzir pesquisas relacionadas ao enriquecimento de urânio até 2030.